Conheça algumas lições do Oriente para aguçar o mais
imediato dos sentidos – e também o mais usado por nós para interpretar e
compreender o mundo à nossa volta
Texto • Lívia Filadelfo - Fonte: www.triada.com
Primeiro, vamos à teoria. A visão resulta de três elementos: luz,
fisiologia (olhos, nervos, cérebro) e psicologia (experiência,
conhecimentos e personalidade). Aquilo que vemos é a interação desses
planos com o objeto observado. É por meio da visão que, na maioria das
vezes, estabelecemos o primeiro contato com pessoas, objetos e
situações, e que produzimos as primeiras impressões sobre elas.
Dito isso, dá para entrar no papo espiritual. O mais imediato dos
cinco sentidos, a visão parece algo concreto, incontestável, como
reforça o ditado: “ver para crer”. Olhar é alcançar a verdade e, para a
maioria de nós, não se pode contestar com argumentos aquilo que foi
visto. Servimo-nos dos olhos o tempo todo para entender a realidade e
tudo o que nos cerca. Como disse Leonardo da Vinci: o olho é a janela da
alma, o espelho do mundo.
Imagens que emanam energia
Thangkas
são símbolos que, de acordo com a tradição tibetana, trazem proteção,
amor, sucesso, abundância, pureza, fama, superação de obstáculos e
sabedoria. Desenhá-los ou pintá-los é uma prática espiritual que ajuda a
desenvolver as qualidades universais positivas.
As figuras representam os oito presentes ofertados pelos seres
celestiais a Buda quando ele obteve sua iluminação, há 2,5 mil anos.
Simbólicos, eles emanam energias puras e versam sobre qualidades
diferentes. Para os budistas, cada um dos oito símbolos auspiciosos traz
uma “chuva de bênçãos”, como se costuma dizer no Tibete. Pintá-los é
uma ação virtuosa que ajuda a suavizar, e até anular, o carma negativo e
que também gera méritos, ou carma positivo.
Os benefícios da prática de pintar tankhas também podem ser
compartilhados em pensamento com pessoas queridas em uma pequena
cerimônia de dedicação de méritos.
Visão pura
Segundo o budismo tibetano, ao tomarmos consciência do que nos
rodeia, por meio dos cinco sentidos, formam-se em nosso espírito
múltiplos sentimentos de atração e repulsa. O bem-estar e a plenitude,
contudo, não dependem das percepções que temos das coisas, mas da forma
como as interpretamos e reagimos a elas.
Uma maneira de atingirmos este estado é desenvolver a chamada “visão
pura”, reconhecendo que todos os seres possuem a natureza de Buda e
identificando a pureza e a perfeição primordiais em todos os seres e
fenômenos.
Para praticar a visão pura, basta observar representações de
divindades, lembrando-se de que elas são expressões de diversos aspectos
de nosso potencial de budeidade.
Meditação em um clique
Ao longo de um dia inteiro, voltamo-nos a diversas cena que despertam
nossa atenção e, logo em seguida, somos atraídos por outra cena. Este
processo, espontâneo e involuntário, acaba muitas vezes nos levando a um
estado de distração constante. Para reverter isso, a meditação é uma
boa pedida. A fotografia miksang, ou “bom olho”, é uma técnica que usa
uma câmera como ferramenta de meditação e nos ensina a enxergar a
realidade de outra maneira. Sua proposta é nos deixar mais abertos e
atentos para o que nos chama a atenção. Assim, tornamo-nos mais
conscientes ao que nosso olhar captura. Trata-se de um treino para o
despertar e, certamente, de uma maneira segura para redescobrir o
encanto da vida e das coisas encobertas pelo constante estado de
distração.
Veja como praticá-la:1. Antes de iniciar, faça 15 ou 20 minutos de meditação sentada.
2. Pegue a câmera e vá a um lugar tranquilo.
3. Para descondicionar o olhar, busque lugares que você geralmente não observaria.
4. Espere que alguma coisa realmente atraia sua atenção para registrá-la.
5. Fotografe o objeto inteiro ou apenas um pequeno detalhe que lhe despertou a curiosidade.
Profecia
Conta a lenda que, no exato momento em que o príncipe Siddharta
Gautama, fundador do budismo, estava sendo concebido, sua mãe teve uma
visão: eram seis elefantes, cada qual marcado com uma flor-de-lótus,
caminhavam em sua direção. Instigada por esta imagem, a rainha Maya
pediu aos sábios da região que interpretassem aquela visão e anteviu,
assim, que seu filho seria um grande rei, porém espiritual.
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