A ciência confirma: meditar funciona!
Muito além de bem-estar e tranquilidade: descubra aqui o que a ciência já pode afirmar sobre os benefícios práticos da meditação
Texto • Redação - Triada
Os
orientais conhecem os efeitos da meditação e incentivam a sua prática
há milênios. Nós, ocidentais, já ouvimos falar dela há décadas, mas só
há pouco tempo começamos a lhe dar a devida atenção. Por quê? A resposta
é simples: porque só agora a ciência começou a estudar os seus efeitos,
descobrindo que eles vão muito além do relaxamento. A cada dia surgem
novas pesquisas comprovando que esta atividade funciona de verdade e,
como consequência, mais pessoas rendem-se a ela.
Hoje, nos EUA, calcula-se que 10 milhões de pessoas são adeptas
regulares desta prática zen. Sessões de meditação são oferecidas em
escolas, hospitais, escritórios e até mesmo em prisões e aeroportos.
Mais que uma busca espiritual, a prática conquistou espaço por ser uma
alternativa prática e comprovada para gerar saúde e qualidade de vida.
O Mind/Body Medical Institute (MBMI), da Escola de Medicina de
Harvard, líder mundial em pesquisas clínicas sobre a relação
corpo/mente, comprovou que os tão alardeados males do mundo moderno,
entre eles depressão e estresse, realmente podem ser combatidos com a
prática regular de meditação.
O MBMI demonstrou também que, durante o estado meditativo, a
atividade cerebral estimula a produção de endorfinas, substâncias que
nos trazem sensação de bem-estar e relaxamento e combatem o cortisol e
os radicais livres, elementos que causam o envelhecimento. A mesma
pesquisa constatou que praticantes de meditação transcendental, após
cinco anos de prática, apresentam uma idade biológica cerca de 12 anos
mais nova do que sua idade cronológica.
Outra pesquisa do MBMI confirmou os benefícios para as mulheres. De
acordo com as descobertas da psicóloga Alice D. Domar, a prática diária
tende a diminuir os problemas de infertilidade feminina e também aumenta
as chances de bebês nascerem mais tranquilos e amáveis.
Ondas cerebrais
A atividade vem sendo levada tão a sério pela comunidade científica
de todo o mundo que, neste ano, a meditação foi pauta de várias
palestras no encontro anual da Sociedade de Neurociência dos Estados
Unidos. Sara Lazar, neurologista da Escola de Medicina de Harvard, por
exemplo, comparou o cérebro de 20 americanos que meditam de 20 a 60
minutos todos os dias com outras 15 pessoas que não são adeptas da
prática. Segundo ela, exames de ressonância magnética mostraram que as
regiões do cérebro onde se concentram a atenção e as emoções são mais
espessas naqueles que meditam.
“Os resultados de nosso estudo indicam que a meditação e outras
formas de exercícios mentais podem gerar, nos adultos, modificações
positivas de algumas regiões do córtex cerebral, mudanças importantes
para as funções cognitivas, as emoções e o bem-estar”, completa.
Mais eficiência
O laboratório W.M. Keck de Estudos Cerebrais do Centro Weizman, da
Universidade de Wisconsin, EUA, confirma e dá mais argumentos ao estudo
de Sara Lazar. Segundo seus cientistas, foi verificado que a meditação é
capaz de melhorar o funcionamento cerebral e, com isso, beneficiar a
aquisição de conhecimentos e a maneira de lidar com as emoções.
Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores trabalharam em
colaboração com o Mosteiro de Schechen, de Katmandu, Nepal. “Constatamos
que a prática da meditação budista durante longos períodos induz as
alterações neurais cujo impacto duradouro aumenta a cognição e as
emoções”, explica Antoine Luz, coordenador do estudo.
Consciência fortalecida
E não só os ocidentais estão interessados nos resultados destas
pesquisas. Dalai Lama, o grande líder espiritual do Tibete, patrocinou
um experimento feito por neurocientistas australianos da Universidade de
Queensland que indicou que a meditação praticada por monges budistas
tibetanos influencia a capacidade visual. Submetidos a um teste de
percepção de imagens em movimento, os monges fixavam a atenção em um
ponto por 4,1 segundos, enquanto a média de pessoas que nunca meditaram
não passa de 2,6 segundos. Segundo os estudiosos, a pesquisa sugere que a
meditação não só melhora a saúde do corpo físico, como também é capaz
de alterar de forma significativa a consciência.
Para o médico cardiologista e professor de medicina Herbert Benson,
idealizador e presidente do Mind/Body Institute de Harvard, “a
importância do equilíbrio entre corpo e mente está cientificamente
provada. Tudo o que fazemos hoje em dia é encontrar explicações
biológicas para as técnicas que vêm sendo utilizadas com sucesso há
milhares de anos.”
A felicidade como remédio
A ideia de manter a mente em paz para
garantir um corpo saudável nunca foi levada tão a sério pela medicina
quanto nos últimos anos. Todos os dias, novas descobertas confirmam o
que antes parecia puro misticismo: ter uma atitude positiva diante da
vida pode melhorar muito mais do que sua saúde mental e emocional. De
acordo com pesquisadores da Universidade de Ohio, nos EUA, já está mais
do que comprovado que pensamentos negativos e estresse provocam
mudanças no sistema imunológico, abrindo as portas para as mais
diversas doenças. A grande dificuldade, no entanto, está em conduzir
estudos sobre os benefícios concretos de viver de bem com a vida, já
que a felicidade não pode ser medida em laboratórios.
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