Costas retas e braços abertos trazem mais autoestima e, consequentemente, mais confiança
Fonte: The New York Times |
Foto: Getty Images
Boa postura dá sensação de ser poderoso - ou poderosa
Novo estudo mostra que a maneira como nos sentamos e ficamos de pé pode
afetar a forma como nos sentimos em relação a nós mesmos.
Pesquisadores da Kellogg School of Management at Northwestern
University em Illinois constataram que universitários que assumiram uma
postura mais “expansiva” – com os braços estendidos e uma perna
casualmente cruzada sobre o joelho – tiveram melhor pontuação em
variáveis que mediram a sensação de poder, o pensamento abstrato e a
vontade de entrar em ação do que seus colegas que assumiram uma postura
mais “constrita”, com as mãos posicionadas embaixo das coxas, ombros
caídos e pés bem juntos.
Em três experimentos diferentes, a equipe de pesquisa demonstrou que a
postura física mais expansiva – especificamente, em posições que
“abrem” o corpo, ocupando o espaço – pode provocar maior sensação de
poder em um indivíduo, fazendo com que ele se sinta em uma posição
hierárquica superior – como se fosse o patrão, por exemplo.
“Pesquisas anteriores demonstraram basicamente que existem diversas
formas de fazer aumentar nossa sensação de poder”, disse Li Huang, que
está se preparando para um doutorado na universidade e um dos autores do
estudo.
“Basicamente, constatamos que a postura, e não o papel desempenhado
por um indivíduo, é o fator que determina se o mesmo está pronto ou não
para entrar em ação”, disse Huang.
Segundo dados do estudo, publicado na edição de janeiro da revista
especializada Psychological Science, a vontade de agir e a habilidade de
pensar de forma abstrata são critérios estabelecidos em pesquisas para
calcular o poder.
O estudo
O estudo
Entre 57 e 77 homens e mulheres participaram de cada um dos
experimentos. Huang diz que, no geral, os resultados foram bastante
semelhantes para os dois sexos.
Os participantes do estudo tiveram de assumir, aleatoriamente, a
função de empregador ou empregado antes de participar de diversas
atividades. Eles foram informados que deveriam dar ou seguir instruções
nas posições de patrão ou empregado, respectivamente, ao mesmo tempo em
que tentariam solucionar um problema. O impacto da função versus postura
foi então calculado em uma série de outras atividades.
Em um dos experimentos, os participantes foram colocados em posturas
expansivas e constritas, em seguida tiveram de completar fragmentos de
sete palavras com a primeira palavra que tivessem em mente. Eles foram
pontuados somente pelas palavras relacionadas ao poder. Aqueles que
foram colocados em posturas expansivas antes do teste obtiveram
pontuação mais alta.
Em outro experimento, os participantes tiveram de decidir entre tirar
ou não uma carta em uma partida de blackjack e tiveram de identificar
objetos parcialmente escondidos em gravuras fragmentadas. O ato de tirar
uma carta foi pontuado como a vontade de agir. A identificação de
objetos escondidos foi uma medida do pensamento abstrato. Nos dois
casos, aqueles que assumiram uma postura expansiva obtiveram melhor
pontuação.
Em um terceiro experimento, os participantes tiveram de se lembrar de
uma ocasião na qual estavam em situação de controle ou de um incidente
no qual estavam submetidos ao controle de alguém. Em seguida, eles
tiveram de decidir se entrariam ou não em ação em três cenários
diferentes - dentre eles, deixar o local de uma queda de avião em busca
de ajuda ou juntar-se a um movimento para libertar alguém de uma
encarceramento injusto. Embora as lembranças de situações de poder ou
subordinação não tenham tido efeito significativo nas escolhas dos
participantes, os pesquisadores constataram que aqueles que assumiram
uma postura mais expansiva mais uma vez foram mais propensos a entrar em
ação.
O estudo mostra que, tanto no caso de seres humanos como de animais, a
expansividade corporal parece ser evolucionariamente inerente ao poder,
tendo assim um forte efeito no comportamento.
“Nossa tendência é pensar que o poder está baseado no papel de um
indivíduo na sociedade ou em uma organização. O mais fascinante nestes
resultados sobre a relação postura e poder em comparação à posição de
poder de um indivíduo é que a postura tem um impacto muito maior sobre o
poder psicológico”, disse Amy J.C. Cuddy, professora assistente da
Harvard Business School.
“Essa constatação e bem impactante”, complementou a professora, que
também ministra um curso sobre poder psicológico, persuasão e influência
na Harvard e também já realizou uma pesquisa sobre os efeitos da
postura.
Sua pesquisa, citada no estudo, demonstrou que as posturas de poder
alteram funções do sistema endócrino. Ela diz que os níveis de
testosterona subiram tanto nos homens quanto nas mulheres, enquanto que o
nível de cortisol (o hormônio do estresse) caiu depois que os
participantes foram colocados em posturas “expansivas”.
“Não estamos tentando criar machos alfa ou Gordon Gekkos”, disse
Cuddy, referindo-se ao agressivo protagonista de filme Wall Street. “Ir a
uma entrevista e tentar dominar a situação, ou deferir o tempo todo,
não é uma atitude recomendável. Em situações como essa, o esperado é que
o candidato mostre autoconfiança e entusiasmo”, ela explicou.
Com os dados do novo estudo em mãos, pode ser que gerentes frustrados
com o cargo assumido ou pessoas em busca de emprego queiram melhorar a
postura antes de se candidatar a um novo emprego nestes tempos de vacas
magras.
Cuddy diz: “A postura é uma solução simples e elegante de aumentar a sensação de poder”.
Por Ellin Holohan
Tradução: Claudia Batista Arantes
Tradução: Claudia Batista Arantes
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