A Kaye apareceu no consultório quando o Inverno se
estava a desvanecer nas perspectivas da Primavera. Aos 52 anos, a sua
pele morena mostrava poucas rugas. Os seus olhos verdes, inteligentes,
brilhavam com um quê de expectativa enquanto me contava a razão da sua
visita às montanhas do Tennessee oriental, longe da sua casa nas margens
orientais de Maryland. Com metro e meio de altura, ela tinha um
invejável físico atlético. Ninguém diria que ela já estava doente há
muitos anos.
A Kaye tinha uma longa história familiar de doenças cardíacas. Teve a sua primeira cirurgia de bypass aos 43 anos e outra aos 50. Ao ler os seus bem organizados registos, notei que já tinha consultado alguns dos mais respeitados cardiologistas do país. Já estava a fazer todos os tratamentos cientificamente provados possíveis. A Kaye viera consultar-me, como muitos dos meus doentes fazem, para ouvir uma segunda opinião; para ver se havia mais alguma coisa que se pudesse fazer para melhorar a sua condição.
Conforme fomos conversando, descobri um pouco mais acerca dela. Tinha fumado durante toda a sua década dos vinte e agora geria uma empresa de muito sucesso que a mantinha a viajar a maior parte do tempo. Os seus dois filhos andavam na universidade e o seu marido, advogado, também tinha uma exigente carreira. Admitiu que raramente fazia alguma coisa “só para a Kaye”.
Mantinha uma medicação certa nas doses correctas. A sua tensão arterial, o seu nível de colesterol e a sua alimentação eram exemplares, e ela fazia exercício físico durante 45 minutos todos os dias. Finalmente, para me certificar de que todas as hipóteses tinham sido cobertas, comecei a explorar o tempo que ela passava em repouso. Pareceu confusa e um tanto surpreendida por eu estar a sondar esse aspecto da sua vida. Percebendo as suas perguntas silenciosas, comecei a explicar porquê.
A Kaye tinha uma longa história familiar de doenças cardíacas. Teve a sua primeira cirurgia de bypass aos 43 anos e outra aos 50. Ao ler os seus bem organizados registos, notei que já tinha consultado alguns dos mais respeitados cardiologistas do país. Já estava a fazer todos os tratamentos cientificamente provados possíveis. A Kaye viera consultar-me, como muitos dos meus doentes fazem, para ouvir uma segunda opinião; para ver se havia mais alguma coisa que se pudesse fazer para melhorar a sua condição.
Conforme fomos conversando, descobri um pouco mais acerca dela. Tinha fumado durante toda a sua década dos vinte e agora geria uma empresa de muito sucesso que a mantinha a viajar a maior parte do tempo. Os seus dois filhos andavam na universidade e o seu marido, advogado, também tinha uma exigente carreira. Admitiu que raramente fazia alguma coisa “só para a Kaye”.
Mantinha uma medicação certa nas doses correctas. A sua tensão arterial, o seu nível de colesterol e a sua alimentação eram exemplares, e ela fazia exercício físico durante 45 minutos todos os dias. Finalmente, para me certificar de que todas as hipóteses tinham sido cobertas, comecei a explorar o tempo que ela passava em repouso. Pareceu confusa e um tanto surpreendida por eu estar a sondar esse aspecto da sua vida. Percebendo as suas perguntas silenciosas, comecei a explicar porquê.
O culpado oculto
Deus deu ao Universo que criou certas leis que governam a forma como funciona. Estas leis mantêm as coisas em ordem. Sir Isaac Newton foi quem primeiro explicou, com clareza, a lei da gravidade, que dita que, se saltar de uma ravina, haverá graves consequências, quer acredite nessa lei, quer não.
Da mesma forma, há leis que governam o nosso corpo. Uma é a lei do repouso. Quer acredite nesse princípio, quer não, se ele for comprometido, haverá consequências. Expliquei à Kaye que a química do nosso corpo não é estática, mas muda constantemente. O repouso é um factor importante na função óptima do nosso corpo. Sem a libertação adequada da tensão ou do stresse do dia-a-dia de simplesmente viver a vida, a nossa química muda para pior. À medida que continuava a falar, podia ver que tinha captado o seu interesse. Ela estava intrigada quando lhe fiz esta pergunta retórica: “Prefere tomar uma medicação para mudar a sua química, ou prefere aprender como repousar e conseguir isso e muito mais?”
Quando deixamos de repousar, a nossa química – como seria de esperar – muda para pior. Como resultado, o stresse é colocado sobre todos os sistemas do nosso organismo.
Deus deu ao Universo que criou certas leis que governam a forma como funciona. Estas leis mantêm as coisas em ordem. Sir Isaac Newton foi quem primeiro explicou, com clareza, a lei da gravidade, que dita que, se saltar de uma ravina, haverá graves consequências, quer acredite nessa lei, quer não.
Da mesma forma, há leis que governam o nosso corpo. Uma é a lei do repouso. Quer acredite nesse princípio, quer não, se ele for comprometido, haverá consequências. Expliquei à Kaye que a química do nosso corpo não é estática, mas muda constantemente. O repouso é um factor importante na função óptima do nosso corpo. Sem a libertação adequada da tensão ou do stresse do dia-a-dia de simplesmente viver a vida, a nossa química muda para pior. À medida que continuava a falar, podia ver que tinha captado o seu interesse. Ela estava intrigada quando lhe fiz esta pergunta retórica: “Prefere tomar uma medicação para mudar a sua química, ou prefere aprender como repousar e conseguir isso e muito mais?”
Quando deixamos de repousar, a nossa química – como seria de esperar – muda para pior. Como resultado, o stresse é colocado sobre todos os sistemas do nosso organismo.
Os ciclos da vida
Continuei a explicar que foram criados os ciclos dia-noite. São chamados “ritmos circadianos” e todos nós funcionamos sob a sua firme cadência. O organismo está programado para ficar mais lento à noite e ter mais velocidade durante o dia.
No mundo de hoje, esta lei é violada muitas vezes. Pense nas refeições feitas à noite, fora de horas, que não permitem que o aparelho gastrointestinal descanse. Estímulos tais como a televisão, a Internet, os iPods, e os telemóveis bombardeiam constantemente o nosso sistema muito depois do sol se pôr. Quando este ciclo do dia-noite é comprometido, a nossa química altera-se.
Perguntei à Kaye: “Já alguma vez esteve privada do sono ou trabalhou durante muito tempo sem descansar?”
Ela assentiu com a cabeça.
“Bem”, continuei, “nessas condições, as funções físicas, emocionais e cognitivas do seu corpo foram prejudicadas. O stresse foi colocado sobre o sistema”.
Expliquei-lhe que, tal como a dor crónica, a desidratação, e até a depressão comprometem o sistema, a falta de repouso também danifica o corpo. Os químicos do stresse – incluindo a epinefrina e o cortisol – elevam-se. Estes químicos alteram outras reacções químicas no organismo. Se estas condições se mantiverem durante muito tempo, o organismo é, realmente, danificado. Isso pode levar a ataque cardíaco, ansiedade, úlceras, má digestão, músculos tensos, tensão alta, palpitações, dores de cabeça, enfartes, sistema imunitário fraco, e a um sem-número de outras doenças, todas elas relacionadas com o stresse crónico sobre o sistema. Na verdade, a maior parte das doenças crónicas têm o stresse como principal componente. Se não acredita em mim, tente ficar a pé a noite toda e verá como se vai sentir no dia seguinte. Imagine o que seria fazer isso dia após dia, semana após semana, mês após mês, e até ano após ano.
Continuei a explicar que foram criados os ciclos dia-noite. São chamados “ritmos circadianos” e todos nós funcionamos sob a sua firme cadência. O organismo está programado para ficar mais lento à noite e ter mais velocidade durante o dia.
No mundo de hoje, esta lei é violada muitas vezes. Pense nas refeições feitas à noite, fora de horas, que não permitem que o aparelho gastrointestinal descanse. Estímulos tais como a televisão, a Internet, os iPods, e os telemóveis bombardeiam constantemente o nosso sistema muito depois do sol se pôr. Quando este ciclo do dia-noite é comprometido, a nossa química altera-se.
Perguntei à Kaye: “Já alguma vez esteve privada do sono ou trabalhou durante muito tempo sem descansar?”
Ela assentiu com a cabeça.
“Bem”, continuei, “nessas condições, as funções físicas, emocionais e cognitivas do seu corpo foram prejudicadas. O stresse foi colocado sobre o sistema”.
Expliquei-lhe que, tal como a dor crónica, a desidratação, e até a depressão comprometem o sistema, a falta de repouso também danifica o corpo. Os químicos do stresse – incluindo a epinefrina e o cortisol – elevam-se. Estes químicos alteram outras reacções químicas no organismo. Se estas condições se mantiverem durante muito tempo, o organismo é, realmente, danificado. Isso pode levar a ataque cardíaco, ansiedade, úlceras, má digestão, músculos tensos, tensão alta, palpitações, dores de cabeça, enfartes, sistema imunitário fraco, e a um sem-número de outras doenças, todas elas relacionadas com o stresse crónico sobre o sistema. Na verdade, a maior parte das doenças crónicas têm o stresse como principal componente. Se não acredita em mim, tente ficar a pé a noite toda e verá como se vai sentir no dia seguinte. Imagine o que seria fazer isso dia após dia, semana após semana, mês após mês, e até ano após ano.
Confissão verdadeira
Nessa altura perguntei, um tanto bruscamente, à Kaye: “Tem violado a lei natural do repouso?” Depois, sugeri, delicadamente, que ao fazer algumas pequenas mudanças, a sua química poderia melhorar muito. Mais repouso, acrescentado ao seu tratamento, poderia penetrar até ao âmago do seu problema.
Depois de uma curta pausa, ela olhou para mim com genuíno interesse e perguntou: “Dr. Marcum, como é que o senhor repousaria?”
Expliquei que tentava repousar à noite, e guardar o ciclo de sete dias. No sétimo dia de cada semana, tento descansar um pouco mais – física e mentalmente. Durmo mais e tento nem pensar no trabalho. Planeio actividades para a família, que podem incluir uma aventura na Natureza ou uma refeição especial, passo mais tempo com os amigos, ajudo alguém que precise. Tento quebrar a rotina do dia-a-dia.
A forma como as pessoas repousam, expliquei, é algo pessoal e depende da sua definição da palavra. O repouso são, simples, é necessário tanto para evitar como para tratar doenças.
Nessa altura perguntei, um tanto bruscamente, à Kaye: “Tem violado a lei natural do repouso?” Depois, sugeri, delicadamente, que ao fazer algumas pequenas mudanças, a sua química poderia melhorar muito. Mais repouso, acrescentado ao seu tratamento, poderia penetrar até ao âmago do seu problema.
Depois de uma curta pausa, ela olhou para mim com genuíno interesse e perguntou: “Dr. Marcum, como é que o senhor repousaria?”
Expliquei que tentava repousar à noite, e guardar o ciclo de sete dias. No sétimo dia de cada semana, tento descansar um pouco mais – física e mentalmente. Durmo mais e tento nem pensar no trabalho. Planeio actividades para a família, que podem incluir uma aventura na Natureza ou uma refeição especial, passo mais tempo com os amigos, ajudo alguém que precise. Tento quebrar a rotina do dia-a-dia.
A forma como as pessoas repousam, expliquei, é algo pessoal e depende da sua definição da palavra. O repouso são, simples, é necessário tanto para evitar como para tratar doenças.
Sugestões
Expliquei-lhe como poderia ter um repouso melhor durante a noite, neste mundo em que os sentidos são sobrecarregados. Sugeri que se abstivesse de cafeína, que bebesse água suficiente e que fizesse exercício; não deveria ingerir refeições pesadas quatro a cinco horas antes de se deitar, mantendo o quarto escuro e silencioso e evitando tantos estímulos quanto fosse possível. O descanso permite que as células desgastadas se renovem. Como passamos cerca de um terço da nossa vida na cama, precisamos de aprender como usar esse valioso tempo. O ciclo circadiano permite que recuperemos das actividades do dia. Não podemos manter esta correria diária sem fazer uma pausa adequada.
A nossa sessão estava a terminar e, uma vez mais, expliquei que quando vivemos de harmonia com as leis de Deus, a nossa química melhora, o stresse é libertado, e a cura acontece.
Acredito que, naquele fim de Inverno, foi acrescentado um novo tratamento ao regime da Kaye; um sem efeitos colaterais, mas cheio de benefícios. Ela deixou o meu consultório com uma compreensão nova da vida. A sua cura tinha começado.
Expliquei-lhe como poderia ter um repouso melhor durante a noite, neste mundo em que os sentidos são sobrecarregados. Sugeri que se abstivesse de cafeína, que bebesse água suficiente e que fizesse exercício; não deveria ingerir refeições pesadas quatro a cinco horas antes de se deitar, mantendo o quarto escuro e silencioso e evitando tantos estímulos quanto fosse possível. O descanso permite que as células desgastadas se renovem. Como passamos cerca de um terço da nossa vida na cama, precisamos de aprender como usar esse valioso tempo. O ciclo circadiano permite que recuperemos das actividades do dia. Não podemos manter esta correria diária sem fazer uma pausa adequada.
A nossa sessão estava a terminar e, uma vez mais, expliquei que quando vivemos de harmonia com as leis de Deus, a nossa química melhora, o stresse é libertado, e a cura acontece.
Acredito que, naquele fim de Inverno, foi acrescentado um novo tratamento ao regime da Kaye; um sem efeitos colaterais, mas cheio de benefícios. Ela deixou o meu consultório com uma compreensão nova da vida. A sua cura tinha começado.
James Marcum
Cardiologista do Chattanooga Heart Institute - Saúde e Lar
Cardiologista do Chattanooga Heart Institute - Saúde e Lar
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