Acompanhe o sofisticado pensamento do filósofo e psicólogo Thomas Moore e veja como a simplicidade pode abrir o caminho para uma vida mais rica
Texto • Triada
“Viva
de maneira simples, mas seja complicado”. Com essa frase, o professor
de filosofia, teologia e psiciologia Thomas Moore apresenta sua reflexão
sobre a simplicidade, publicada no livro O self orginal – meditações
(Verus Editora). Para ele, o segredo para encontrar seu verdadeiro “eu
interior” e passar a viver com mais equilíbrio é reduzir ao máximo as
necessidades e preocupações exteriores e, ao mesmo tempo, incrementar e
enriquecer os valores interiores. A tarefa não é das mais fáceis, mas,
como afirma o autor, os resultados são compensadores. Vale a pena
experimentar.
“Simplificar a vida é um caminho para a atenção, mas a simplicidade
pode ser muito facilmente sentimentalizada. Inspirada por esse tipo de
filosofia, uma pessoa pode construir uma cabana numa floresta e ainda
assim achar que lá a vida não é tão simples. Simplicidade de alma não é
necessariamente o mesmo que simplicidade de vida e, com toda a certeza,
não é o mesmo que simplicidade de caráter e de personalidade. Quando
Henry Davis Thoreau simplificou sua vida em Walden Pond, como mostram
seus escritos dessa época, sua vida interior se tornou mais complicada.
Como disse Emerson na elegia para seu amigo, emocionalmente ele não foi
um homem simples: “Havia algo de militar em sua natureza, não se deixava
dominar, sempre másculo e capaz, raramente terno, como se não se
sentisse a si mesmo a menos que estivesse num confronto”.
Simplificar as exterioridades nos permite cultivar uma vida interior e
exterior mais rica. Uma vida desordenada pode nos manter ocupados, mas
estarmos ocupados não quer dizer que estamos plenamente engajados
naquilo que estamos fazendo. Em geral, bem ao contrário, sentimo-nos
ocupados porque estamos neuroticamente ativos com coisas que a longo
prazo não têm grande relevância. Pouco proveito traz conseguir sucesso
numa tarefa que exige sessenta horas de trabalho por semana, enquanto se
negligenciam prazeres simples da vida familiar. Uma pessoa complicada
pode simplificar vida e, nessa simplicidade, encontrar uma refinada
articulação de valores. Uma vida complicada em geral provoca o
contrário: mostra até que ponto a pessoa se perde nos negócios do mundo.
Por vezes conseguimos alcançar uma melhora significativa em nossa
vida diária realizando uma cuidadosa extirpação cirúrgica entre nossos
compromissos diários. Para muitos, desligar o televisor pode ser um ato
de simplificação que leva a resultados mágicos. Para mim, permanecer em
casa produz resultados fantásticos, ao passo que a sabedoria do mundo
recomenda viajar. Deixar de comprar alguma coisa, deixar de ir a algum
lugar, não ficar na expectativa de algo… cada uma dessas coisas pode ser
uma aplicação efetiva da regra da simplicidade.
Viver junto à natureza ajuda a simplificar, porque a própria
natureza, embora complexa, nos mantém em sintonia com ritmos básicos e
com prazeres que nunca mudam e que geram enraizamento. Quando nossa
família se mudou para perto de uma fazenda, descobrimos a simplicidade
no alimento que comíamos e em novas fontes para o nosso entretenimento e
prazer. Aprender a andar a cavalo é um processo complicado, mas
cavalgar é um prazer simples que proporciona satisfação duradoura.Como
diz Thoureau, nossas frutas locais podem nos educar e nos mostrar como
viver. Vivendo junto ao nosso mundo natural, em sintonia com suas
estações e suas peculiaridades, encontramos a simplicidade de vida.
Vivemos num lugar real que é nosso e ao qual pertencemos.
Certas diversificações exóticas são enriquecedoras – um restaurante
italiano, uma mercearia asiática, uma loja de roupas africanas –, mas
isso exige uma base de vida determinada pelas características de nossa
paisagem, de nossos animais e pássaros, de nossas árvores e plantas.
Vivendo com simplicidade onde estamos, mantemo-nos fisicamente saudáveis
e encontramos segurança emocional.”
Viver e não ter a vergonha de ser FELIZ!!!
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